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"Carícias", no programa Armazém 41 do canal GNT




Sexta-feira, dia 26/08/2005


Outdoor Sexo: Para fechar a semana e inspirar o fim de semana, o programa Armazém 41 reserva suas sextas-feiras para falar de sexo. O tema que se dissolve em todas as formas de arte e de comportamento, presente em manifestações de todos os tipos e fantasias para todos os gostos, é o assunto do Outdoor Sexo. O episódio da próxima semana desvenda o universo de Sergi Belbel, considerado o Nelson Rodrigues contemporâneo. Um jovem autor catalão, diretor e escritor de teatro, premiado com espetáculos encenados em diversas partes do mundo. No Rio de Janeiro, a peça Carícias fala de relacionamentos - entre amantes, pais e filhos, irmãos, amigos e desconhecidos - com uma linguagem direta, explícita e, por vezes, chocante. Quem fala sobre o autor é o casal de atores, que também assina a direção dessa montagem, Claudia Caê e Luciano Loureiro.


Carícias de Sergi Belbel, pela Octopus Cia. de Teatro - 2005


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Em 1993, Gerson Canutto, Luciano Loureiro e Ricardo Marques, já com experiência no teatro e nas artes há alguns anos, fomos para a faculdade de teatro da UNIRIO aprender mais. Lá, entre uma aula e outra, nos conhecemos. Fizemos amizade, bebemos cerveja e produzimos espetáculos, leituras dramatizadas, palestras, exposições, cursos e tudo mais que pudesse nos enriquecer teatralmente. Fundamos um grupo! Outras pessoas participaram do trabalho por um tempo. Depois foram embora em busca do seu próprio teatro; outras vieram, e seguimos com o pé na estrada...

Em meados de 2004, Claudia Caê nos deu um texto para ler: “Carícias”, de Sergi Belbel, e logo surgiu a proposta de montá-lo. Decidimos fazer! Começamos a ensaiar, desta vez com o Luciano, o Ricardo, a Claudia, a Daniele Geammal e outros que vieram para esta nova empreitada, somando experiências, pondo em prática – em cena – o teatro que nos possa dar satisfação.

Quando começamos a ensaiar “Carícias” em novembro de 2004, e foram nove meses de ensaio, tínhamos uma única idéia, uma idéia maluca: todas as onze personagens seriam feitas pela Claudia e pelo Luciano. Tarefa difícil já que cada um teria que fazer várias personagens de idades e sexos diferentes.
OCT

Dedicamos este espetáculo ao Bento, à Helayne e à Moníca

- As fotos das 11 cenas de “Carícias” que estão postadas neste blog foram tiradas no correr dos espetáculos dos dias 23 e 24 de setembro de 2005 no teatro Gláucio Gill, em Copacabana.

Carícias, programa e convite

"CAPA DO PROGRAMA" folder com 8 pags. 140 x 140 mm, em couche mate com 115 g/m2, 2/1 cor(es).


"CONVITE", formato 100 x 140 mm, em CARTAO TRIP.


Carícias, pela Octopus Cia. de Teatro

Claudia Caê e Luciano Loureiro


Carícias, pela Octopus Cia. de Teatro

Em dez cenas e um epílogo, o espetáculo mostra a degradação nas ralações familiares e amorosas. Não é uma história linear, que tenha começo, meio e fim.
O texto denuncia a solidão que circunda as pessoas no final de um século e no começo de um novo milênio. Sempre com duas personagens em cena – num recorte de suas vidas – possui um movimento circular, como um carrossel. Palavras e gestos, numa atmosfera de incomunicabilidade, o vazio e frustração são para nós o retrato do esgotamento e a fragmentação das relações humanas na sociedade contemporânea.
Construímos um espetáculo reduzido ao essencial. A interpretação, a corporeidade, a técnica vocal, a sensibilidade e a intuição tornaram-se a nossa massa criativa utilizada para construir e expressar conteúdo da peça.
Nossa encenação pretende ressaltar algo em que acreditamos: estabelecer com o publico um contato singular. Queremos salientar o núcleo vital para o teatro – a relação ator face a face com o espectador. Carícias diz respeito a coisas que estão presentes em nossas vidas. Sob este conceito, fizemos o espetáculo. Não pretendemos sublinhar individualidades, mas o nosso comportamento em meio aos que nos cercam, e isso têm a ver comigo, com você, com todos nós!
OCT.

Carícias, sobre Sergi Belbel


Sobre Sergi Belbel

Sergi Belbel Nascido em Tarrassa – Barcelona – Espanha, em 1963, é considerado um dos autores e diretores mais importantes do teatro contemporâneo espanhol. Licenciado em filologia românica e francesa pela Universidade Autônoma de Barcelona, atualmente é diretor do Teatro Nacional da Catalunha e professor de dramaturgia do Instituto de Teatro de Barcelona.

Autor, diretor e tradutor. O catalão tem mais de quinze obras escritas, entre as quais se destacam: “Minim”; “Mal Show”; “Elsa Schneider”; “Talem”; “Caricias” e “Depois da Chuva”. Alguns desses, traduzidos encenados em mais de 30 países. Além de escrever, também é diretor de algumas de suas peças e de obras de autores tão díspares como: Perec; Sanchis Sinistierra; Beckett; Bonet i Jornet; Mamet; Calderón; Koltès e De Filippo. Traduziu, entre outros, Racine, Perec, Koltès, Goldoni, Neil Simon e De Filippo.

Colaborou no roteiro cinematográfico de duas de suas obras: Carícias (1997) e Morrer (1999), ambas dirigidas por Ventura Pons.

Seus textos de teatro já receberam diversos prêmios, entre eles, o Prêmio Marqués de Bradomín, com “Calidoscópios”, sua primeira obra (1985); Ignasi Iglesias, com “Elsa Schneider” (1987); Ojo Crítico do Radio Nacional da Espanha (1992); Prêmio Nacional de Literatura dramática da comunidade Catalunha, com “Depois da Chuva” (1993 e 95); Serra em d'Or e o Prêmio Borne, com “Morrer” (1994), pela qual também recebeu o Prêmio Nacional de Cátedra Dramática (1996); o Prêmio Nacional de Literatura Dramática do Ministério da Cultura Espanhol (1996); e o Molière (1999).

Carícias, ficha criativa, técnica, agradecimentos e apoiadores.

Apoiadores



Ficha Criativa e Técnica


Autor - Sergi Belbel
Tradução - Christiane Jatahy
Direção e atuação - Claudia Caê e Luciano Loureiro

Direção musical - Chiquinho Rota
Iluminação e fotografia - Ricardo Marques
Cenário - Daniele Geammal
Figurinos e adereços - Daniele Geammal e Paulo Barbosa

Expressão corporal - Elaine Aderne
Preparação corporal - Márcia Barbosa

Projeto gráfico do espetáculo - Patricia Norman
Programação visual pré-produção – Jeanine Geammal
Produção Gráfica - Júlio Cesar Farias de Mello

Caracterização dos tecidos - Atelier de Indumentária
Costureira – Marilene Cordeiro da Silva
Assistentes de cenário, cenotécnico, montagem e operação de luz - Sylvio Moura
Operação de som - Roseny Jussara Teixeira
Estagiários - Diego Montano, Ellen Dirk, Elton César e Nara Ize.

Assessoria de Imprensa - Aretuza Garibaldi
Produção executiva- Daniele Geammal e Ricardo Marques
Idealização e realização - OCT - Octopus Cia. de Teatro.


Agradecimentos


Anderson Hanzen, Aline Vargas, Ana Paula Guinle, Centro de Letras e Artes da UNIRIO, Claudenir José Gonçalves, Clenir Torres Geammal, Diego dos Santos, Eliana Caruso, Erica Brandão, Irma Maria Fernandes, Evandro Piracicaba, Fabíola Loureiro, Guilherme Amaral (ABRAMUS), José Arthur Diniz Borges, Leandro Bispo, Lenize Meirelles, Lillian Katherine, Lívia Santos, Manoel Dias, Michele Torres Geammal, Victor Geammal, Wanda Loureiro, funcionários do Centro Cultural do CETEP-Barreto e a todas as pessoas que direta ou indiretamente colaboraram para a realização deste projeto.

Carícias, cena 1 - Homem Jovem e Mulher Jovem

As fotos das 11 cenas de “Carícias” que estão postadas neste blog foram tiradas no correr dos espetáculos dos dias 23 e 24 de setembro de 2005 no teatro Gláucio Gill, em Copacabana.
...
Homem Jovem: Que estranho. É como se a gente já não tivesse ... Nada pra dizer um pro outro.

Mulher Jovem: Claro que temos algo pra dizer um pro outro.

Mulher Jovem: ...e depois os insultos, seus insultos, porque é uma ofensa o que você acabou de me dizer, me insulta, me ofende quando diz que não tem mais nada para me dizer.

Carícias, cena 2 - Mulher Jovem e Senhora.

Mulher Jovem: Que é que você quer?

Senhora: Não sou sua mãe.

Mulher Jovem: Você devia ter me abortado.

Senhora: Adorarei, tenho certeza. Vou adorar o asilo.

carícias, cena 3 - Senhora e Mulher Velha.

Mulher Velha: Eu gostava de dançar tango.
Senhora: E eu rock and roll.
Senhora: Ainda bem que nos encontramos de novo.

Mulher Velha: Desculpe!...É que eu não me lembro de você.

Carícias, cena 4 - Mulher Velha e Homem Velho

Homem Velho: Puta vestida de velha.
Homem Velho: ... Minha mulher tinha uma namorada: minha irmã.
Mulher Velha: Quinze. Quinze para às nove. O asilo fecha às nove. Você não quer vir comigo. Eu vou.

Mulher Velha: Dez anos sem te ver.

Carícias, cena 5 - Homem Velho e Menino.

Menino: ...e eu fiquei super bem me balançando no balanço e sonhei com meu irmão.Menino: ...e com a cola que a gente tinha cheirado a noite já tava feita, mas eles saíram fora porque eles não fugiram de casa e eu fiz eles jurarem pelo meu irmão que se meus pais ligassem pra casa deles eles não iam dedar...
Menino: Meu irmão não é nenhum anjinho, no colégio só dizem mentiras e os anjos não andam de moto, você já viu alguma vez algum anjo com a cabeça aberta? Deus não existe, é uma mentira nojenta.

Carícias, cena 6 - Homem e Menino.

Sobre a cena 6
A cena 6, por ser minimalista - feita apenas com luz nos pés dos atores em uma bacia com água - não obteve infelizmente, em suas fotos de espetáculo, a qualidade de iluminação adequada para aqui ser posta. Segue portanto, uma foto do programa.
Menino: Papai, acho que agora eu te ganho.
Homem: Em que você me ganha?
Menino: Olha como é que tá grande.
Homem: Ficou duro.
Silêncio.
Menino: A mamãe tá roncando.

Carícias, cena 7 - Homem e Garota.

Garota: E como é que ela conseguiu descobrir?Homem: Pelo cheiro da sua boceta.Homem: Quer saber? É melhor a gente se separar, tô falando de nós dois.
Garota: A boceta. O hálito. Sabe o que fede em você? A desgraça. Você tem a desgraça a flor da pele... odeio você.

Carícias, cena 8 - Garota e Senhor.

Garota: Bem, muito bem, estou muito feliz com meu novo trabalho, felicíssima e adoro viajar e poder estar longe dessa cidade de merda e esta viagem me fez muito bem.
Garota: Peixe mais insosso. Faz um mês que eu não venho e você decide fazer o peixe mais insosso que existe e uma salada triste, uma salada triste cheia de vermes e um peixe sem gosto...

Garota: Papai...não suporto você...você está sozinho.

Carícias, cena 9 - Senhor e Rapaz.

Senhor: Por que você tá nervoso?
Rapaz: A gente tinha que morar mais longe. Todos, mais longe. Que merda de bairro. Todo mundo acaba se encontrando, mais cedo ou mais tarde. Já não existe mais intimidade.

Senhor: E nem minha própria filha sabe de nada.

Carícias, cena 10 - Rapaz e Mulher.

Rapaz: ...Por isso, dessa vez não mude de assunto e nem se faça de surda, porque eu quero ir embora daqui o quanto antes, mamãe não se preocupe; eu voltarei, voltarei outro dia, talvez na outra semana, ou no outro ano, porque sou seu filho. Quanto você quer?

Mulher: Já te disse mil vezes que da próxima vez que você vier jantar pode trazer alguma amiguinha, se você quiser. Eu não me incomodo, pelo contrário. E nós mulheres nos entendemos. E seria menos chato. Por que você é tão chato? Ui, o comprimido. Por que você é tão cansativo?

Carícias, epílogo - Homem Jovem e Mulher.


Mulher: Ai. Ai. Sente-se, sente-se, por favor... Foi na escada, não é verdade? Você caiu na escada? Foi isso? Que horror. Espera só um segundo, Vem aqui comigo, senta aqui, fica calmo, pode ficar tranqüilo, tranqüilo.
A Mulher vai até um móvel e pega algodão e água oxigenada.
Aqui, senta aqui. Não tenha medo. Não precisa se preocupar. Eu te curarei como se eu fosse sua mãe. Melhor ainda.

Fotos do cenário do espetáculo "Carícias" de Sergi Belbel, pela Octopus Cia. de Teatro - 2005





fotografia e luz de Ricardo Marques / cenário de Daniele Geammal

"Carícias", de Sergi Belbel (projeto pré-produção)








Programação visual do projeto realizada po Jeanine Geammal